A música do quarteto americano Elder não é de fácil assimilação. Vagando pelo Stoner/Doom, com generosas doses de progressivo e umas pitadas psicodélicas bem distribuídas, é uma sonoridade que deve ser ouvida várias vezes para ser melhor compreendida (e apreciada). Essa entrevista com o guitarrista/vocalista Nick DiSalvo é uma forma de elucidar e entender melhor a proposta da banda.

 

Vicente – Antes de tudo, conte-nos um pouco da trajetória de Elder. Como foi o começo da banda?

Nick DiSalvo – Começamos a banda quando éramos amigos no ensino médio como um hobby, sem ambições reais. Gravamos nosso primeiro álbum com um amigo que sabia um pouco sobre produção de áudio, que acabou ficando bem decente e foi lançado por uma gravadora um ano depois. Isso nos levou a continuar trabalhando na banda, mesmo quando passamos por estudos universitários e por coisas de crescimento geral. Finalmente, por volta de 2015, decidimos deixar o resto e seguir a música em tempo integral. Isso praticamente nos leva até hoje: escrever músicas e fazer turnês …

 

Vicente – Vocês acabam de lançar “Omens”, seu quinto álbum de estúdio. Conte-nos um pouco sobre a gravação e o processo de composição do disco.

Nick DiSalvo – Escrevi quase todo o disco entre 2017 e 2019 sozinho, desde que me mudei permanentemente dos EUA para a Alemanha em 2016, e os outros caras ainda moravam nos Estados Unidos. Tivemos algumas grandes mudanças na banda naqueles anos; nosso baterista deixou a banda no verão passado e nosso outro guitarrista também se mudou para a Alemanha. Nosso novo baterista também é alemão, então, de repente, a maior parte da banda estava por perto novamente e poderíamos trabalhar coletivamente. Passamos os 6 meses antes de entrar no estúdio revisando o material que eu havia escrito juntos, depois alugamos uma van e dirigimos para o Black Box Studio na França. Passamos 11 dias gravando o disco e eu voltei para algumas mixagens algumas semanas depois. Foi uma experiência bastante intensa, a coisa toda foi meio que uma viagem mental.

 

Vicente – Qual você acha que é a principal diferença de “Omens” para os outros álbuns do Elder?

Nick DiSalvo – Todo álbum do Elder é diferente de alguma forma, e eu acho que a principal maneira que o “Omens” difere – além da produção, que é uma partida óbvia – é que é mais descontraído. As músicas levaram algum tempo para se desdobrar, são muito menos apressadas. Existem mais partes atmosféricas, atmosferas sonhadoras e sons quentes. É um pouco mais “descontraído”, para simplificar.

 

 

Vicente – Como é fazer o lançamento de um álbum e não promovê-lo da maneira usual, fazendo shows para seus fãs?

Nick DiSalvo – É extremamente decepcionante. Você passa anos trabalhando em algo, planejando cuidadosamente e investindo, e então a coisa toda evapora na sua frente. Certamente as pessoas ainda ouvem música pela internet, mas os shows ao vivo são tão importantes para nós quanto as gravações. Tem sido uma grande perda, mas estamos tentando permanecer otimistas sobre tudo isso.

 

Vicente – A música do Elder não é fácil de assimilar, passeando por vários aspectos do rock/Metal, sem se apegar a um único gênero. Essa foi a proposta desde o início da banda?

Nick DiSalvo – Não exatamente. Começamos a banda claramente querendo tocar Stoner Rock and Doom, os tipos de música que estávamos ouvindo na época, mas o requisito para a nossa música era sempre o mesmo: sem besteira, sem riffs meia-boca, nada repetitivo ou preguiçoso. Mesmo em 2006, quando começamos a tocar, havia mais bandas do que suficiente fazendo esse tipo de música, e a última coisa que queríamos fazer era copiar qualquer pessoa diretamente. Essa mentalidade se transformou em uma ambição musical mais genuína, à medida que crescemos como músicos e realizamos nossas próprias vozes criativas. Agora, o único critério é fazer a música que gostamos!

 

Vicente – O que você acha das seguintes bandas:

Yes – A parte anterior de seu catálogo, até o Relayer, é parte do meu absoluto progressivo favorito. Esses caras são gênios e fizeram uma música insana que eu nem consigo imaginar. Ainda inspirador depois de todos esses anos.

Rush – eu nunca curti tanto o Rush, para ser sincero. Eu gosto de algumas faixas, mas algo sobre a estética do som não me agradou. Nossos outros membros – especialmente nosso baixista – adoram Rush.

Gentle Giant – Outra das minhas bandas favoritas de prog rock, se não por outro motivo que não seja a sua estranheza. Sem pretensão, alguns caras de aparência pateta vestindo roupas engraçadas de palco … Eu amo os sons renascentistas, instrumentos medievais e os vocais estranhos de Derek Schulman. É uma pena que essa banda não tenha sido maior.

Uriah Heep – Eu realmente não segui tanto o Uriah Heep após o Magician’s Birthday, mas Demons and Wizards é um incrível registro de rock clássico. Talvez eu deva voltar ao catálogo deles – já faz um tempo.

Pink Floyd – O que dizer sobre eles? Lendas por uma razão.

 

Vicente – Para finalizar, deixe um recado para os fãs brasileiros que gostam do seu trabalho e para aqueles que querem saber mais sobre sua música

Nick DiSalvo – Obrigado pela leitura. Esperamos visitar o Brasil em breve! Fiquem seguros até então!