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Banda

Glory Fate

Local

Ceará

Gênero

Heavy Metal

Ano de Formação

1992

 

É realmente interessante, e, por que não, emocionante a atitude das nossas bandas, que, mesmo diante de todas as dificuldades impostas, mantêm o otimismo e a paixão pelo que fazem e tentam transmitir para as pessoas. É o caso do Glory Fate, com vinte anos de existência, tempo em que a grande maioria das bandas acabam por desistir dos seus sonhos, ou resignar-se com sua situação, continuam demonstrando que essa paixão chamada Heavy Metal não se apaga nunca. A chama é eterna…

Formada por Markim (Vocal, Guitarra), Eduardo Tavares (Baixo), Kassio Soares (Bateria) e Michel Machado (Guitarra), que concedeu esta entrevista para o blog.

Vicente: A banda começou com o nome de StormBringer, tendo inclusive gravado algumas músicas com este nome, e depois trocou para Glory Fate. Qual o motivo da escolha deste nome?

Michel: Na época descobrimos que havia mais outras duas bandas com o mesmo nome, e também juntou que o povo por aqui não sabia pronunciar direito, saia cada “mazela”, uma vez divulgaram até como StormBrega.

Vicente: Após tanto tempo de estrada, qual o balanço que fazem da trajetória da banda?

Michel: Já são 20 anos, muita coisa aconteceu, inúmeras mudanças de formação, mas, no geral, hoje acho que podemos dizer que somos muito satisfeitos com o que fazemos, viajamos bastante, fizemos boas amizades, houve um reconhecimento legal. Sucesso não é algo que almejamos como foco principal, até porque a banda é um hobby, é nosso melhor amigo, mas temos nossas vidas paralelas, que nos dá o sustento para tocar e ser feliz.

Vicente: O novo disco de vocês. “Ride on the RollerCoaster”, foi lançado recentemente. Como foi a gravação do mesmo?

Michel: Foi um parto de elefante, demorou um ano e meio pra sair, gravamos tudo aqui mesmo, em um estúdio no Crato, mas os horários foram ficando difíceis, por isso demorou tanto, aí depois mixamos num estúdio em Juazeiro do Norte, cidade vizinha. Esse CD foi o mais maduro de todos, a gente já sabia o que queria, o equipamento da banda melhorou também, ficamos muito orgulhosos principalmente das guitarras, que foram gravadas com 2 microfones e dois amplificadores valvulados.

Vicente: E a divulgação na mídia especializada?

Michel: O CD já foi bem falado em blogs, estamos esperando sair em revistas maiores, mas hoje em dia o Heavy Metal, e o trabalho autoral no Brasil estão meio sem perspectivas, isso é triste.

Vicente: O retorno do público foi o esperado por vocês?

Michel: Tem sido bacana, aonde temos tocado o publico canta as músicas, muita gente já baixou da internet e tem sido emocionante ver a participação alucinada da galera.

Vicente: Além de “Ride on the RollerCoaster”, vocês lançaram também “Tears of Freedom” e “Bad Moon Rising”. Fale um pouco sobre cada um deles.

Michel: “Tears of Freedom” foi o primeiro, 2000. Foi a época de ouro do metal nacional, Angra ditando as normas e fazendo sucesso. A gente meio que tentou ir nessa linha, até porque era uma forte influência, e o vocalista na época cantava parecido, tem muita coisa lá que nunca gostei muito, não sou muito fã de Heavy Metal melódico, prefiro o Metal tradicional, que o vocalista canta como homem. “Bad Moon Rising” já gosto muito, já é bem mais o estilo que queríamos, Markim, o novo vocalista também é um ótimo compositor, ele já escuta tudo na cabeça e já traz tudo pronto, é um verdadeiro Bach. Hoje eu tiraria algumas coisinhas de teclado que botamos, e gravaria as guitarras como fizemos no terceiro CD, mas é um disco que gosto bastante, e varias músicas viraram hits que não podem faltar no show, como “Running Wild to Survive”,”Bad Moon Rising” e “Fire Kingdom”.

Vicente: Vocês apostam firme no Tradicional Heavy Metal, tanto no som como nas letras. Como vocês vêem a cena para este estilo nos dias de hoje?

Michel: É realmente o estilo que gostamos, e vemos também que existe muito público para o mesmo, é o Heavy Metal verdadeiro, pode-se dizer, como surgiu, sem firulas. Não sei porque não existem mais bandas atualmente. Acho que às vezes querem inovar demais e vira outra coisa, a nossa tendência é ficar cada vez mais Heavy Tradicional mesmo, mais cru, música com refrão pegajoso, não gostamos de musica feita pra ouvir em laboratório.

Vicente: Vocês foram uma das primeiras bandas de Metal do Ceará. Enfrentaram muita resistência na época? Sentem alguma diferença nos dias atuais?

Michel: É, começamos em 1992, fomos a primeira do interior do Ceará. No começo, tudo era mais difícil, não haviam lojas especializadas, nem internet, mas havia a questão da curiosidade, muita gente ia pros shows por curiosidade e terminava gostando, por conta disso também conseguíamos tocar nas grandes festas aqui nas redondezas, hoje isso é impensável por conta da peste epidêmica do forró e outros estilos piores. Hoje a grande merda é que muita gente não sai mais de casa, só vê show pelo youtube, não interage mais no mundo real, as coisas ficaram mais fáceis, mas, por conta disso, perderam um pouco do valor, eu mesmo já fiz cada loucura pra viajar e ver um show que eu goste, continuo fazendo.

Vicente: Vocês já abriram para bandas famosas e diferentes entre si, como Sepultura, Titãs, Nervochaos, Cássia Eller, Krisiun, entre outras. Como foi essa experiência?

Michel: Olha, pra falar a verdade, é muito bacana tocar em grandes shows, com grandes artistas, é um sinal de reconhecimento e tudo o mais. Mas em todo esse tempo, os shows que mais marcaram foram shows pequenos em pequenas cidades. É muito gratificante ver a energia de uma galera que está lá pra lhe ver e curtir as suas músicas. Também tocamos com o Kiko Loureiro (Angra) e Zack Stevens (Savatage), mas esse tipo de show só vale mesmo pro currículo, porque no geral, é um show que você vai tocar 1 hora q vira 40 minutos e muitas vezes na terceira, quarta música a “organização” já manda acabar o show, isso é muito “broxante”.

Vicente: Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Saxon: Ótima banda, grandes clássicos, vi o show deles em Fortaleza e foi emocionante, continuam com muita energia, “Crusader” é um dos grandes hinos do metal

Iron Maiden: Nem tem o que falar, os caras simplesmente mudaram o mundo, estão no topo como outras bandas que recriaram um estilo

Judas Priest: meu sonho era ter o som da distorção do Judas Priest para o Glory Fate, acho que agora consegui, ainda quero ver um show deles, uma das minhas bandas preferidas

Viper: a melhor banda de Heavy Metal que já surgiu no Brasil, para mim, claro. O Viper mexeu muito com a gente, era um nível chamado internacional, escuto os dois primeiros discos na íntegra, depois virou “putaria”.

Manowar: uma das bandas mais legais e mais chatas do mundo, tem músicas que adoro e outras que detesto, não gosto muito das atitudes deles também, acho muito “fake”, muito “poser”

Vicente: Quais são as suas principais influências?

Michel: Heavy Metal tradicional na “moleira”. Posso citar bandas como Running Wild, Iron Maiden, Running Wild, Judas Priest, Running Wild, Deep Purple, Running Wild, Saxon, Running Wild, Accept, Running Wild, Rainbow, Running Wild, Dio e Running Wild.

Vicente: Uma mensagem para os fãs e amigos que curtem o trabalho do Glory Fate e para aqueles que gostariam de conhecer melhor seu som e apostam no Metal Nacional.


Michel: Rock é estilo de vida, é diversão, é saúde, é sempre bom fazer o que se gosta, em busca de novas aventuras, novas amizades, novas sabedorias… Isso também faz com que aumentemos a nossa auto-estima, coisa que está faltando em nosso povo. A partir do momento que nos valorizarmos, vamos fazer com que nossa arte cresça. Viva o Metal Nacional, ao mesmo tempo em que acabemos com as barreiras que nós mesmos impomos. Keep rockin!!!

Contato: http://www.facebook.com/#!/gloryfateoficial