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Banda

Plastique Noir

Local

Ceará

Gênero

Gothic Rock

Ano de Formação

2005

 

O Gothic Rock nacional está muito bem representado por bandas como o Plastique Noir. Fazendo um som diferenciado,  a banda cearense agrada a todos entusiastas do gênero, e mesmo aqueles não tão afeitos ao estilo se rendem a qualidade do material. Essa entrevista foi realizada com o Airton S (Vocal e Eletrônicos), sendo que completam a banda Márcio Mäzela (Guitarra) e Danyel (Baixo e Guitarra). Com vocês, Plastique Noir…

Vicente: Após quase sete anos de banda, qual a avaliação que fazem da trajetória do Plastique Noir?

Airton: Aprendemos muita coisa: como as coisas acontecem em turnê, como aprimorar a qualidade do som, a relação com as pessoas e entre nós mesmos etc. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer. A melhor coisa que obtivemos: os amigos, em toda parte pela qual passamos.

Vicente: Vocês lançaram seu segundo disco “Affects” em 2011. Como foi a gravação do mesmo?

Airton: Foi mais meticulosa que do “Dead Pop”. Fizemos o trabalho no mesmo estúdio: 746, do nosso amigo Jorge Albuquerque, só que com mais rigor nos arranjos e na parte técnica. Como o Jorge é noctívago, começávamos sempre no final de noite e íamos “madrugada adentro”. Eventualmente contamos com a participação do Felype Ferro, que gravou 70% dos “synths” e pianos. Tentamos, com sucesso, uma coisa nova também: a participação à distância do Jean Synthex, ex-Scarlet Leaves, que gravou o restante dos teclados e nos enviava de SP pela internet.

Vicente: E a resposta que obtiveram dos fãs, foi à esperada?

Airton: Tem sido ótima, mesmo quase um ano depois de já lançado o disco. Confesso que foi superior à que eu esperava. O “Dead Pop” teve uns hits de pista, então era complicado desde o começo fazer um disco mais marcante. Não sei se conseguimos. Aparentemente, segundo uma considerável parte da crítica e dos fãs, sim.

Vicente: Conheci o Plastique Noir com o EP “Urban Requiems” e me surpreendi pela qualidade do som da banda, tratando-se de um EP de uma banda recém formada. Qual acredita ser a principal mudança no som da banda desde o referido registro?

Airton: Acho que o som “abriu” um pouco mais. Agregamos elementos fora do espectro gótico, mas que não descaracterizou o som. A carga obscura ainda está lá, eu diria que está apenas mais temperada. Estamos tentando não soar clichê, acho que não faz muito sentido reproduzir meramente o que já foi feito. Acho também que melhoramos tecnicamente, tanto na execução quanto no “upgrade” de equipamento.

Vicente: Além disso, vocês lançaram em 2008 o “Dead Pop”. Conte-nos um pouco sobre ele.

Airton: Primeiro disco. Ele reúne material do “Urban Requiems” no qual demos um tapinha pra melhorar, mais várias inéditas. Eu gosto do disco. Como disse, tem hits de pista. Levou tempo para ser terminado, durante o período fui dar um tempo fora do país, embora tenha retornado logo pra concluir. O Max deixou a banda no finalzinho das gravações, mas deixou sua marca em vários sons. A ajuda do Ulysses, da Pisces Records, foi muito bacana também, nos deixou seguros e confortáveis o tempo todo.

Vicente: Qual o principal motivo para este título?

Airton: Na época eu pensei em “Death Pop”, como tentativa de denominar um novo estilo. Só que isso nos pareceu pretensioso, então mudamos pra “Dead Pop”, em referência às transformações pelas quais a indústria passava naquele momento, com uma pá de bandas lançando seus trabalhos de graça na net, ou o fato de que bandas como a nossa pareciam vislumbrar uma luz no fim do túnel, no sentido de poder talvez sobreviver mantendo foco num segmento apenas. Algumas de nossas idéias a respeito de tudo isso mudaram um pouco, mas o nome pegou.

Vicente: Vocês já tiveram a oportunidade de abrir shows de bandas como The Cruxshadows e Frozen Autumn. Como foi essa experiência?

Airton: O show do Cruxshadows foi cancelado uma semana antes, mas estávamos com vôos marcados e tudo. Foi uma pena. Ficamos lisonjeados com o convite, porque nossa banda não tinha nem um ano de existência, entretanto o Kipper, que estava organizando, apostou na gente mesmo assim e somos gratos por isso. Com o Frozen Autumn, nossa, foi do caralho. Arianna e Diego Merletto são muito humildes e dados ao contato. Passávamos o som, lembro que a música era “I Disappear”, e a Arianna estava na frente do palco e aplaudiu efusivamente quando acabamos, gritou “greeeat!”. Fiquei… Sem fôlego. (risos) Eles são uma referência pra gente.

Vicente: O Plastique Noir já tocou em praticamente todas as regiões do Brasil. Como avaliam o cenário para as bandas nacionais nesse momento? Há mais espaço para divulgação e realização de shows, ou não houve nenhuma mudança substancial nesse sentido?

Airton: Infelizmente não tocamos ainda na região Sul, só está faltando essa. A cena brasileira mudou muito e pra melhor. O corre está acontecendo em toda parte, não é só no Nordeste, Sudeste e Brasília, onde as atividades são mais visadas. Por exemplo, estou respondendo a essa entrevista em Manaus, e já deu pra sentir que teremos uma grande noite amanhã, certamente conheceremos vários adeptos do “rolê”. Nos lugares que o senso comum burro costuma tachar de “inusitados”, temos encontrado pequenas, mas fervilhantes cenas, como em Cuiabá, Campo Grande no Mato Grosso do Sul, Palmas, Macapá, Juazeiro do Norte etc. O “Woodgothic”, no cumprimento do papel a que se propôs de ser o nosso festival nacional, também tem feito bonito no sentido de fazer a convergência de pessoas e bandas de toda parte.

Vicente: Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Joy Division: A escola básica.

The Cure: Uma de nossas bandas favoritas. Acho que passou da hora de se aposentarem. Não oferecem mais nada de novo.

Type O Negative: Conheço pouco. Gosto muito do “Life Is Killing Me” Não é muito a minha praia. Gosto da vibe “Sabbath”.

Bauhaus: Pura arte. Transcende rótulos. Gosto desde as faixas mais “dub” até as mais punks.

The Sisters of Mercy: Escola básica parte 2. Também acho que deviam ter encerrado as atividades. Ninguém devia copiá-los muito, é um risco fácil pra cair no clichê.

Vicente: Uma mensagem para os fãs e amigos que curtem o trabalho do Plastique Noir e para aqueles que gostariam de conhecer melhor seu som e apostam na música feita em nosso país.

Airton: Muito obrigado pelo espaço! Vocês dos veículos também são fundamentais no nosso “trampo”. Boa sorte, forte abraço e nos procurem nas redes sociais. www.facebook.com/plastique.noir e www.plastiquenoir.net