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Demorou, mas finalmente o sucessor de “The Shepherd Of Tophet” surgiu, e atende pelo nome de “Sodomiticvn Per Conclave”, mais um capitulo na carreira da grande banda paulista Queiron.  E para falar sobre o processo de gravação e composição do novo disco, a temática do mesmo e demais aspectos relacionados a carreira da banda, conversei com o Vocalista/Guitarrista Marcelo Daemoniipest Grous, o Guitarrista Ricardo “Pestiferus” Grous e o Bateristas Oscar M. Vision, que concederam esta longa e interessante entrevista, onde podemos entender muito mais sobre a música do Queiron. O novo Baixista, Lauro Nightrealm completa a banda, uma grande pedida para os fãs do Brutal Death Metal…

 
Vicente – É até difícil comentar quase duas décadas a serviço do Metal em poucas linhas, mas como você vê a trajetória do Queiron até este momento?

MDG: Bem cara, são quase 20 anos de muita dedicação com a cena underground nacional. Durante esses anos todos, nós vimos a evolução das bandas, da própria cena, a chegada da internet, ajudando e atrapalhando ao mesmo tempo, enfim, fizemos e estamos fazendo nossa parte em prol do verdadeiro metal extremo. Começamos com um propósito de fazer musica extrema, gravar demos e possivelmente álbuns, e isso que temos feito por esses anos, mas a batalha é árdua dia a dia…

Oscar M .Vision – Pois é, estamos a quase duas décadas a serviço do metal extremo, e enfrentando todos os obstáculos para se manter uma banda, ainda mais num país que não existe apoio, mas desde o inicio sempre acreditamos que podíamos contribuir de alguma forma na cena e aqui estamos mantendo a chama do mais puro e brutalizante metal acesa e com a mesma gana de quando começamos.

Vicente – O Queiron está lançando este ano seu quarto disco de estúdio “Sodomiticvn Per Conclave”, cujo todo processo de gravação e composição consumiu quase um ano da banda. Conte-nos como foi esse processo?

MDG: Isso mesmo, o processo de gravação demorou um ano e meio, devido a vários fatores, mas o álbum em si, já vem sendo composto desde o lançamento do 3º disco “The Shepherd Of Tophet”. Nós realmente não paramos, ao mesmo tempo em que ensaiamos, já estamos compondo coisas novas, inclusive agora, já estamos preparando material novo para o álbum vindouro. Bom, o álbum foi gravado no Studio Piccoli em Campinas, e esse foi um dos motivos, pois tínhamos que viajar até lá para as sessões de gravações, e o estúdio era muito requisitado pelas bandas, e tínhamos que nos encaixar com esses contratempos. Mas foi massa pra caralho, foi bem produtivo e alcançamos um resultado bem satisfatório.

Oscar M. Vision – Exato, na verdade tomou-se um bom tempo desde o inicio das gravações até o lançamento do álbum, mas precisamente um ano e meio, mas acredito que, apesar de todos os percalços, o resultado final foi compensador e agora é trabalhar o máximo possível para promover, dentro das possibilidades.

Vicente – A temática do disco gira em torno do livro “O Crime dos Papas”. Como rolou todo o processo de composição e a ideia das letras de “Sodomiticvn Per Conclave”?

Ricardo “Pestiferus” Grous – Em entrevista nos meses finais de 2012 comentei sobre nosso novo álbum ‘Sodomitcvm Per Conclave’, que refere-se ao período durante a escolha de um novo Papa em que os Cardeais se trancam no Conclave e o mistério que permanece à centenas de anos sobre atividade desse isolamento coletivo. Estamos diante de algo histórico, a renúncia de um papa, fato que teve seu ultimo registro há quase seiscentos anos atrás. Atenho em fazer meus comentários como professor e a meu ver fica claro que a abdicação é de cunho político e de alguns assuntos controversos que ressurgiram durante o papado de Ratzinger, e que são tabu para a sociedade quase que totalmente e, principalmente, para aquelas mãos que governam por de trás das cortinas e que por tais motivos prefiro não comentar.

 Enfim talvez (com tom certeza), a grande hipocrisia a ser combatida é o ser humano e sua arrogância, o desejo desenfreado pelo poder e razão, seu caráter manipulador, de sua forma covarde e inveterada de remeter seus erros e suas justificativas a um estandarte ou ícone seja qual for. O ser humano é a GRANDE PRAGA!

MDG: Veio meio que naturalmente, pois vários atos bárbaros estavam acontecendo na época, como sacerdotes estuprando crianças, e a partir daí veio a nossa indignação maior contra a igreja…  Ficamos sabendo desse livro, e achamos fantástico, porque mostra toda a podridão em que os católicos estão envolvidos, e a partir disso começamos a escrever as letras meio que baseadas no livro, e em nossas próprias conclusões.

Oscar M.Vision – Foi um livro que despertou nosso interesse através de comentários que ouvimos a respeito e a partir dai acabou surgindo o interesse em adquirir o livro e trabalhar algumas idéias em cima deste, mas o álbum não é conceitual, apenas o livro serviu de fonte de inspiração para algumas letras.

Sodomiticvm Per Coclave cover art

Vicente – Como surgiu a ideia para a capa do mesmo, pois ela ficou muito legal, uma grande arte e sem dúvida impactante.

MDG: Eu tive a ideia, e a passei para o Rafael, que é um grande artista e ele absolveu perfeitamente a ideia, a transportando com maestria. O Conceito é basicamente que durante um conclave, a igreja prolifera os seus atos insanos, e encobrindo tudo com o perdão dos fiéis…

Oscar M.Vision – A idéia da capa surgiu por parte do Marcelo Daemoniipest Grous que repassou para o artista Rafael Tavares que desempenhou um excelente trabalho e desenvolveu uma arte que correspondia ao nosso propósito.

Vicente – Para vocês, qual a principal diferença de “Sodomiticvn Per Conclave” para o anterior “The Shepherd of Tophet”?

MDG: Na minha opinião há uma diferença na produção musical. Ela soa mais pesada e nítida. Musicalmente falando, nós fizemos um álbum um pouco mais cadenciado e diferenciado, usando alguns elementos pra deixar a temática bem visível. Mas se você ouvir o disco, vai saber que é o QUEIRON tocando, a pegada brutal é a mesma.

Oscar M.Vision – Na minha opinião, seriam o fator produção em estúdio e as músicas do novo álbum também demandam mais partes lentas / cadenciadas, mas mesmo assim é o QUEIRON de sempre, mas voltando ao inicio da questão, a produção deste álbum está mais nítida e definida em relação ao THE SHEPHERD OF TOPHET e mesmo assim não deixou de ser brutal.
Vicente – E os planos da banda para 2013?

MDG: Esperamos tocar em muitos lugares esse ano, inclusive estamos agendando uma mini turnê em junho no nordeste, e estamos abertos a contatos para shows. E claro, já estamos preparando um álbum novo, que deverá ser gravado em no máximo um ano, ao meu ver.

Oscar M.Vision – Espero poder tocar no máximo de lugares possíveis promovendo nosso novo opus e continuar na batalha compondo novo material e assim seguindo nossa saga death metálica.

Ricardo “Pestiferus” Grous : Queiron é uma banda que vive do esforço de cada membro, temos nossas famílias, nossos empregos. Dessa forma, os cinco anos se justificam pela nossa disponibilidade financeira.

Vicente – Queiron conseguiu firmar seu nome entre as principais bandas de Metal extremo no Brasil, porém quase cinco anos separaram a banda de seu último disco de estúdio. Qual a principal razão para este hiato?

MDG: Nesse meio tempo tivemos a perda do nosso ex-baxista Tiago Furlan. Ficamos meio ano ensaiando até acharmos o Lauro. E fora isso também, a gente mora em cidades diferentes, causando assim uma pequena lentidão nos ensaios e composições. Acredito que esse é o principal fator, mas nós sabemos administrar bem esse percalço, e levamos tudo da forma mais honrada possível.

Oscar M.Vision – Tivemos mudanças de formação e isso como em qualquer banda dificulta muito o andamento das coisas e acaba atrasando a continuação do trabalho,  e ainda temos uma geografia que dificulta um pouco porque moramos em cidades diferentes, mas mesmo assim tentamos administrar a situação da melhor forma, para que a banda não saia prejudicada e nem fique em segundo plano.

Vicente – Quais são as suas maiores influências?200455_103365676413111_2272242_n

MDG: As influências da banda são muitas, mas temos como principal as bandas de death e Black desde os primórdios. Para mim, tudo que é verdadeiramente feito nos moldes do metal extremo e clássico, é influência. Posso citar muitas bandas, como AEON, CANNIBAL CORPSE, MORBID ANGEL, DEICIDE, SUFFOCATION, BELPHEGOR, BEHEMOTH, KRISIUN, VENOM, SLAYER, KREATOR, e por aí vai…

Vicente – Hoje em dia o Brasil é um ótimo roteiro para as bandas de fora tocarem, uma rota muito lucrativa, diga-se de passagem. Mas como vocês vêem o cenário no nosso país nesse momento para as bandas nacionais. Acreditam que piorou ou houve uma pequena melhora na divulgação e espaço para shows?

MDG: É legal essa rota que se tornou o Brasil, mas as bandas de abertura, que no caso somos nós, não temos muito espaço pra divulgar realmente nosso trabalho com decência. Geralmente as condições são péssimas. Mas eu acredito que o cenário underground mesmo tem melhorado bastante. Ainda estamos longe do ideal, mas estamos lutando por isso.

Oscar M.Vision – Não vejo melhora para isso no caso das bandas nacionais, na grande maioria dos casos somos prejudicados de alguma forma, tendo que se submeter a qualquer coisa,  não há o mínimo de respeito e condições, parece que estamos mendigando para poder mostrar nosso trabalho, mas quem sabe ainda estarei vivo para ver as coisas tomarem outro rumo.

Ricardo “Pestiferus” Grous – Vamos lá, a cena é ótima como você mesmo afirmou para quem “vive” o “mainstream”, para quem “desfruta” do underground, a situação é lamentável, muita gente brincado de promotor de eventos, amadores mesmo. Estamos por completar dezoito anos de vida, quatro cds lançados sem contar splits e demos, há uma certa pressão, temos visibilidade na cena, ou seja, tudo que nosso público espera é ouvir com fidelidade o que esta dentro do cd, e ai reside um problema, como fazer isso com equipamentos precários que mal funcionam? E devo confessar, nesses dezoitos anos, podemos contar em uma mão às vezes que recebemos algo bom… Em todo esse tempo somam-se, surpresas desagradáveis, prejuízos, calotes e não cumprimento do mínimo que pedimos pra executar nosso show.

Vicente – Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

MDG:

Marduk: Uma lenda, afrontador.

Cannibal Corpse: Outra lenda, batalhadores nos seus ideais.

Obituary: Respeito como banda e não como pessoas.

Krisiun: A maior referencia brasileira no mundo, inovadores.

Burzum:na minha opinião, muita ideologia e pouca musicalidade.

 

Oscar M.Vision:

Marduk: Respeito total pelo Morgan em continuar esta máquina de guerra.

Cannibal Corpse: Absolutos e de maestria impar no que diz respeito a death metal.

Obituary:Tem grande importância na cena, mas para mim perdeu credibilidade a anos.

Krisiun: Originalidade em se fazer death metal, principalmente no quesito bateria , inovou os blast beats.

Burzum: Se fosse tão bom musicalmente como foi em polêmicas, seria a melhor banda de black metal do mundo.

 

Ricardo “Pestiferus” Grous:

Marduk: Afrontador

Cannibal Corpse: Bruto

Obituary: Clássico

Krisiun: Atualmente os melhores representantes do Death nacional.

Burzum: É interessante e cult, mas prefiro Darktrone e Bathory ou mesmo o Mayhem.

 

Vicente – Uma mensagem para os fãs e amigos que curtem o trabalho do Queiron e apostam no Metal nacional.

MDG: Gostaria de agradecer por essa fabulosa oportunidade, e dizer que aos apreciadores do metal extremo, que o QUEIRON está mais vivo do que nunca, batalhando arduamente pela cena metálica nacional, e que esperamos encontrar todos em nossos shows para dividirmos juntos nossa paixão pelo metal extremo da morte.. HAILZ EXTREME LEGIONZ 6.SIKK.6

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